Já aqui se escreveu que a construção da Cidade dos Ministérios tornou-se numa obsessão do ministro da Construção e Obras Públicas.
A construção imediata desse megalómano projecto imobiliário é amplamente rejeitada pela opinião pública. Mesmo entre os membros do Executivo há bastantes vozes que discordam da construção imediata desse megalómano projecto. As vozes sensatas no Executivo defendem que nesta fase crítica que o país vive as prioridades devem ser outras e não a construção de uma cidade para dar conforto a ministros, muitos deles incompetentes e embusteiros, como é o caso do próprio Manuel Tavares de Almeida.
Praticamente abandonado em alto mar, o ministro da Construção e Obras Públicas recentemente viu numa insignificante e insultuosa declaração de um antigo ministro uma espécie de tábua de salvação.
José Silva, que teve uma passagem sem brilho pelo antigo Ministério do Urbanismo e Habitação, foi dos poucos angolanos que defendeu a obsessão de Manuel Tavares de Almeida alegando que os ministros não devem tomar banho com canecas. O que se infere da insultuosa declaração desse ex-ministro é que milhões de angolanos podem continuar a ser tratados como o lixo, ao passo que meia dúzia de ministros devem ser tratados como verdadeiros xeques árabes.
Manuel Tavares de Almeida exultou com a infeliz declaração do antigo ministro e decidiu compensa-lo com o posto de seu assessor. Para que José Silva tivesse o melhor conforto possível, Manuel Tavares de Almeida não só ordenou que fosse “mobilizado” um bom gabinete como instruiu funcionários para que o espaço onde acomodaria o seu cúmplice fosse apetrechado com o melhor mobiliário existente no mercado.
Diligentes, os funcionários esmeraram-se e agiram de acordo com a ordem do ministro. Quando tudo estava pronto para acolher o novo consultor, o ministro foi visitar o novo gabinete e não gostou do que viu. “Tirem isso daqui!”, ordenou rudemente. Manuel Tavares de Almeida desvalorizou completamente as explicações dadas pelos subordinados segundo as quais fizeram o melhor possível. Perplexos e assustados os funcionários desmontaram às pressas o mobiliário e foram acomodá-lo num espaço onde aguarda outro utilizador.
Aparentemente, o ministro terá concluído que o mobiliário não estava à altura do “favor” que José Silva lhe fez e por via disso sobrecarregou ainda mais os cofres do ministério.
Obcecado por artigos de luxo como pulseiras e relógios de ouro, que exibe de forma extensiva, o ministro da Construção e Obras Públicas invoca permanentemente o nome do Presidente da República, João Lourenço, de quem se gaba ser muito amigo e com que afirma falar pelo menos 4 vezes ao dia.
Em meios geralmente bem informados diz-se que foi Manuel Tavares de Almeida quem fez a intriga que culminou com a transferência de Archer Mangueira para o Namibe. O ex-ministro das Finanças opunha-se abertamente à construção da Cidade dos Ministérios.