EUA dão à Angola sinais que não podem ser ignorados

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Na próxima segunda-feira, 17, chega a Luanda o secretário de Estado americano, Michael R. Pompeo, para uma curta visita de trabalho que incluirá encontros com o Presidente João Lourenço e com o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto Domingos.

Uma nota do Departamento de Estado emitida no princípio da semana sublinha que o dignitário americano trará uma mensagem de apoio e encorajamento à luta contra a corrupção desencadeada pelo Presidente João Lourenço. 

O Secretário viajará a 17 de Fevereiro a Luanda, Angola, onde se encontrará com o Presidente João Lourenço e o ministro das Relações Exteriores Manuel Augusto para reafirmar o apoio dos EUA aos esforços anticorrupção e democratização de Angola. Ele também se reunirá com as partes económicas interessadas e com a comunidade empresarial para discutir a luta contra a corrupção e as crescentes oportunidades bilaterais de comércio e investimento”, lê-se no comunicado.

A vinda de Michael R. Pompeo e não do seu subsecretário ou de qualquer outro funcionário sénior do Departamento de Estado significa que em Washington estão a ser acompanhados com muita atenção os acontecimentos recentes em Angola.  

Antes de desembarcar em Luanda, entre 15 e 16 de Fevereiro, o chefe da diplomacia americana passa por Dakar, onde se encontrará com o Presidente Macky Sall e o Ministro das Relações Exteriores, Amadou Ba para, discutir como aprofundar a forte parceria económica e de segurança. Estes encontros sucedem-se à sua participação na Conferência de Segurança de Munique, que decorreu sexta-feira, 14.

Depois de Luanda, o dignitário norte-americano irá a Adis Abeba, Etiópia, onde ficará de 17 a 19 de Fevereiro. Reunir-se-á com o primeiro-ministro Abiy Ahmed e o presidente Sahle-Work Zewde para discutir esforços conjuntos para promover a segurança regional e apoiar a histórica agenda de reformas políticas e econômicas da Etiópia.  Michael Pompeo também encontrar-se-á com o Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.  

Com a visita de Michael Pompeo a Luanda, os EUA transmitem um forte sinal de apoio à luta contra a corrupção

O périplo do responsável norte-americano pelo continente africano comporta algumas nuances. No Senegal e na Etiópia tratará de temas essencialmente relacionados com a segurança. Já a sua agenda para Luanda será exclusivamente preenchida pelos encontros que terá com João Lourenço e Manuel Augusto aos quais transmitirá um forte testemunho do interesse com que Washington acompanha a evolução da situação política e económica em Angola. 

Pompeu dirá aos anfitriões angolanos que Angola pode contar com a ajuda e a solidariedade de Washington no combate à corrupção e no fortalecimento da democracia.

Angola e os EUA têm muitos assuntos em comum para tratar. Um dos quais é a segurança marítima no Golfo da Guiné.  

Ao que apurou o Correio Angolense, Michael R. Pompeo vem encorajar João Lourenço a prosseguir a sua cruzada para a moralização da sociedade angolana, carcomida por práticas como a corrupção e o nepotismo, que colocam Angola em lugares desprestigiantes de rankings como os da mortalidade infantil, do ambiente de negócios, dos índices de desenvolvimento humano e de percepção da corrupção, assim como do acesso à água potável e do acesso aos serviços de saúde.

João Lourenço está a encontrar sérias dificuldades para levar a cabo a sua luta contra a corrupção. Tem muitos inimigos internos. Mas tem o apoio do Ocidente, principalmente dos EUA que, com a visita de Michael R. Pompeo, lhe dão um voto de confiança”, disse ao Correio Angolense um analista político angolano radicado em Portugal.

Para o interlocutor do Correio Angolense, o apoio do Ocidente pode também ser medido pela disponibilidade manifestada pela Alemanha em ajudar Angola no seu desenvolvimento sócio-económico. “Trazer empresas alemãs para equipar a barragem de Caculo-Cabaça ou para a construção do metropolitano de superfície em Luanda é sinal de que a Alemanha acredita nas reformas que estão em curso em Angola e prestará todo o seu apoio. Não é a mesma coisa que trazer empresas chinesas sem prestígio”, comentou o analista.