Entre as coisas boas que havia em Jonas Savimbi pode inscrever-se uma célebre afirmação segundo a qual em “África, a voz do chefe é que consola”.
Trata-se de uma afirmação que assenta que nem uma luva em quaisquer situações de crise.
Jonas Savimbi fez essa declaração a propósito do silêncio de José Eduardo dos Santos numa altura em que o marburgo dizimava centenas de angolanos. Nessa altura, a Cruz Vermelha de Angola era presidida por Isabel dos Santos. Tal como o pai, a filha também não disse uma única palavra a respeito da grave crise sanitária.
Se é verdade que o presidente João Lourenço está a mostrar sinais de liderança e procura estar em cima das coisas, também é verdade que os que lhe secundam fazem tudo para estar abaixo das regras.
O João Lourenço decidiu responder à (leve) espiral de COVID pondo à testa da Comissão Interministerial pessoas com um “rank” mais elevado do que o da ministra da Saúde. Mas é aqui que a porca torce o rabo. Se agora a Comissão tem um ministro de Estado à cabeça, no caso Pedro Sebastiao; tem uma ministra de Estado a secundá-lo, no caso, Carolina Cerqueira,
por que razão tem que ser Adão de Almeida, ministro da Administração do Território, a dar a cara? Do que é que os outros dois têm medo? Se têm
medo de aparecer, se não sabem comunicar, como é o caso do primeiro, ou se têm mais estilo do que substância, que é indiscutivelmente o caso da Sra, então o Presidente da República que eleve Adão de Almeida à categoria de ministro de Estado. A ausência dos dois ministros de Estado na conferência de imprensa dirigida por Adão Almeida foi uma negação grosseira da imagem de força que o Presidente quis dar quando os nomeou.
E aqui, voltamos a Jonas Savimbi: é preciso que os chefes indicados apareçam a dar a cara.
De outro modo, a mensagem do Presidente será exposta a uma desvalorização tão forte como aquela que tem atingido a nossa moeda.
Pedro Sebastião e Carolina Cerqueira estão a fazer o mesmo que faz o ministro de Estado para a Economia, Manuel Nunes Jr. No fim de 2018, anunciou que em 2019 a economia angolana cresceria 2 a 3 por cento. Não só a economia não cresceu, como ele também desapareceu. Nesse entretanto “entregou” dois ministros do Planeamento (Pedro Luís da Fonseca e Manuel Neto Costa e levou o seu afilhado Sérgio Santos a mentir o Comité Central do MPLA com a ladainha da criação de 800 mil empregos!
O “eclipse” dos dois ministros de Estado tem nome: falta de liderança!
Entre nós, os “tudólogos” e sabichões advogam o princípio de que devem aparecer sempre. Uns têm conseguido ir longe. Mas Manuel Nunes Jr, Pedro Sebastião (mais do que Carolina Cerqueira) procuram o sucesso e a sobrevivência desaparecendo, pautando pela ausentes. Um é Dr com PhD, o outro é general, mas por junto e atacado não mostram sinais de liderança nenhuma. É não nos venham com a conversa de “liderar por trás “. O pelotão tem sempre um chefe à frente. Com este não pode ser diferente.
Tivemos sorte ou, se calhar, não tivemos com a nomeação de um general para liderar a Comissão Interministerial?