A resposta do MPLA ao surgimento do primeiro caso de contágio da Covid-19 entre os membros do seu Bureau Político foi rápida: ontem, terça-feira, 14 integrantes desse órgão de cúpula, residentes na capital do país, foram à Luanda Medical Center (LMC) fazer testes ao vírus.
A decisão de submeter os membros do Bureau Político a testes decorre do facto de que Pinda Simão, membro daquela instância, ter acusado positivo e consequentemente sido internado numa clínica de Luanda.
Pinda Simão, o “paciente zero” da direcção do MPLA, participou da reunião do Bureau Político realizada a 30 de Junho, que reuniu, presencialmente, quase todos os membros dessa instância. Apenas os primeiros secretários provinciais do MPLA, todos eles governadores, participaram por videoconferência. Realizada no seu território, Joana Lina, governadora de Luanda, marcou presença fisicamente.
Essa reunião foi conduzida pelo presidente do partido, João Lourenço, o qual, entretanto e segundo a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, não precisa de fazer teste. Dessa declaração de Sílvia Lutukuta depreende-se que o presidente e seus próximos foram ao “controlo anti-doping” recentemente.
Os testes à cúpula do MPLA estão a ser feitos na Luanda Medical Center (LMC), o único centro médico privado licenciado pelo Ministério da Saúde para a testagem do corona vírus. Essa unidade hospitalar é gerida pela Mitreli, uma sociedade na qual participam, entre outros, o próprio MPLA e António Pitra Neto, ex-ministro da Administração Pública, Emprego e Segurança Social.
Os resultados dos testes de ontem e de hoje serão conhecidos este fim de semana. Deles partirá a decisão se cônjuges, filhos, motoristas e escoltas, ou “contactos” dos membros do Bureau Político, para os que os têm, serão também ou não submetidos ao controlo.
Além de Pinda Simão, o ex-ministro da Defesa, Salviano Sequeira “Kianda”, membro do Comité Central do MPLA, também foi diagnosticado com Covid-19.
O Bureau Político do MPLA tem 72 membros.
Se os testes à Covid-19 revelaram outros infectados, o controle estender-se-á a centenas de pessoas, já que os membros do Bureau Político têm “contactos” não só familiares e na estrutura partidária como no Governo, Assembleia Nacional e outras instituições de que também são integrantes.
“Estamos a trabalhar com a perspectiva de uma longa maratona de testes”, segundo previsão de um funcionário da secretaria-geral do MPLA que falou ao Correio Angolense com a condição de não ter a identidade revelada.