Na última sexta-feira, no final da audiência que antecedeu o prolongado feriado, Manuel Rabelais, o principal arguido no chamado “caso GRECIMA” chamou os jornalistas que cobriram o evento a quem pediu um tratamento mais profissional.
Antigo director do Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing da Administração, Manuel Rabelais responde pelos supostos crimes de peculato, violação das normas orçamentais e branqueamento de capitais.
De acordo com o jornalista Santos Vilola, do Jornal de Angola, no final da audiência daquele dia, Rabelais, que também já foi director-geral da Rádio Nacional de Angola e Ministro da Comunicação Social dirigiu-se de “forma humilde” aos jornalistas a quem pediu “tratamento mais brando e menos agressivo”.
Por orientações, não se sabe bem de quem, nos órgãos de comunicação social públicos o caso que envolve Manuel Rabelais é tratado como se já tivesse transitado em julgado. O ex-governante é praticamente tomado já como réu condenado. As televisões e as rádios mobilizam as suas principais vozes para apresentarem o noticiário relativo ao caso.
Naquilo que Santos Vilola definiu como “mini-cimeira” ocorrida no hall do Tribunal Supremo, Rabelais teria lembrado que “não se esqueçam que somos colegas. Eu também sou jornalista. Fui director da RNA e ministro da Comunicação Social”.
Algumas, se não todas as vozes que hoje gritam até à rouquidão contra Manuel Rabelais foram seus “compagnons de route”, seja na Rádio, seja na Televisão Pública. Muitos deles, estendiam a passadeira vermelha à passagem do antigo ministro director do GRECIMA e Assessor de Imprensa do Presidente da República. Muitos deles receberam – e nunca perguntaram porquê – envelopes recheados de notas verdes; outros receberam carros e outros favores.
A ciência ensina que até o mais minúsculo dos insectos tem memória. Não perde o caminho de volta à casa.
Alguns jornalistas estão a mostrar que perderam a memória algures na sua oportunística transferência de um amo a outro.
O Direito estabelece que até trânsito em julgado, todos são inocentes.
Esse rudimento do Direito, que era suposto ser do domínio de quem se arvora em jornalista, é pisoteado alegremente e Manuel Rabelais já é apresentado como condenado.
Na sabedoria portuguesa, de onde temos ido beber muita coisa, diz-se: “Até ao lavar dos cestos é vindima”, isto é, “nada termina enquanto não acaba”.
E se Manuel Rabelais é absolvido?