Paulo Julião tremido

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O coordenador da Comissão de Gestão da TV Zimbo tem o cargo preso por um fio. 

Paulo Julião pode ter perdido a confiança da tutela após lhe serem imputados comportamentos “negligentes” que teriam provocado o vazamento, para as redes sociais, de um documento classificado como reservado.

Intitulado “Memorando sobre as Acções Estratégicas de Comunicação sobre a Lei de Revisão Constitucional de Iniciativa do Presidente da República”, o documento enumera as acções e seus protagonistas visando transformar a proposta do Presidente da República no maior e único  evento político dos próximos tempos.

 Em tempos de profunda crise económica e social, os autores do memorando pretendem que todos os angolanos tomem a proposta de João Lourenço como uma espécie de panaceia para as suas aflições e inquietações. 

Uma espécie de manual, o memorando define as tarefas a executar, timings,  espaços e os protagonistas de uma vasta campanha de apologia à iniciativa de João Lourenço.

No memorando, são definidos propósitos como “divulgar ao máximo, a Proposta de Lei de Revisão Constitucional de Iniciativa do Presidente da República” dando maior relevância e destaque aos temas estruturantes que a mesma contem” e “garantir a máxima compreensão sobre o alcance e a visão da Proposta (…)”. 

No documento também é definida  a estratégia para “esbater os argumentos contrários e dolosamente depreciativos à Proposta de Lei da Revisão Constitucional de Iniciativa do Presidente da República”.

Impresso em escassos exemplares devidamente codificados, o memorando foi confiado a um número muito reduzido de responsáveis das empresas de comunicação social públicas. 

A cópia do memorando que caiu nas redes sociais corresponde àquela que foi atribuída a Paulo Julião, peça muito importante na execução da estratégia comunicacional montada para suportar a iniciativa de João Lourenço.

Estamos muito desapontados. Esse documento não era para cair na praça pública”, disse ao Correio Angolense fonte que acompanha o assunto.

No jargão político, quando usado, o adjectivo desapontado pode preceder  medidas como demissão ou outras.

Paulo Julião dirige a Comissão de Gestão da TV desde Agosto do ano passado.

Depois do vazamento, os internautas que tiverem acesso ao documento “top secret” passam a perceber melhor as intervenções de determinados jornalistas, opinon makers, juristas e outros protagonistas mobilizados para essa operação, a qual pretende que, até ao inicio análise da proposta presidencial pela competente Comissão da Assembleia Nacional, no país não se fale de outra coisa que não seja aquilo que alguns tomam como o “golpe de misericórdia” que João Lourenço teria desferido contra a oposição.

Por imprudência, desleixo ou negligência, as “Acções Estratégicas de Comunicação sobre a Lei de Revisão Constitucional de Iniciativa do Presidente da República” podem ter em Paulo Julião a sua primeira vítima.

Detestado na TV Zimbo por sacrificar o jornalismo a favor de uma fidelidade canina “ao regime”, a defenestração de Paulo Julião seria festejada com garrafas de champanhe.

A situação de Paulo Julião faz jus ao ditado popular segundo o qual no melhor pano cai a nódoa.

“O Paulo abalou profundamente a nossa confiança”, lamentou ao CA a mesma fonte.

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