A alma dorida de um “petrolífero”…

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A propósito do emocionante fim do Girabola 2021,

Em termos realísticos, o facto de o Atlético Petróleos de Luanda (APL) ter chegado onde chegou, a ponto de disputar o título do Campeão Nacional de futebol sénior masculino, até ao último minuto da última jornada, foi «per se» um ganho inesperado, face ao início do campeonato não bem conseguido para nós, redundando, inclusive, na mudança de corpo técnico. Já que do “legado Tony Cosano” constam resultados tão indigestos quanto a goleada em Cabinda, diante do Sporting local, e a derrota com o Santa Rita de Cássia do Uíge.

Seguiu-se a “era Bodunha”, com um início desmoralizante com empates na competição e a vergonhosa campanha nos jogos que faltavam nas afro-taças. E aí tivemos um treinador que se revelou casmurro (e foi com a casmurrice até ao fim) nas opções de jogadores e no desenho táctico, não abrindo mão do sacrifício ao Azulão, mesmo tendo o Tony e o Yano à disposição para compor uma ampla e forte frente de ataque. Mas, enfim… Era o desespero total para a Nação Tricolor, já cansada dos 11 anos de prolongado jejum de títulos de Campeão do Girabola, acrescido ao facto de, na época anterior, ter havido a sensação de possibilidade de quebra de jejum, se não se decidisse pela abrupta inconclusão (com justificativa pouco convincente, atendendo ao pouco que faltava jogar) daquele campeonato.

Claro que, com o sucesso improvável do Bodunha, as excelentes exibições da dupla defensiva Vidinho e Mindinho e ao futebol de gala dos miúdos Maya, Figueira, Megue, Dos Santos, Picas, do imberbíssimo Joy, entre outros, os ânimos foram reavidos e a crença, de que era possível chegar lá, renasceu nas nossas hostes!

Só que, no fim da competição, concretamente, nos jogos derradeiros, voltamos a claudicar, ou seja, nos tornamos novamente incompetentes, como no início da prova. Aquele não ganhar à aflita equipa do Cuando-Cubango, em Luanda, quando o Recreativo da Caála até nos ajudou, vencendo ao Sagrada, no Huambo. Bem como a própria derrota caseira na finalíssima contra os diamantíferos, foram os sinais mais evidentes de que precisávamos de ser mais Petro Atlético do que fomos. Note-se que, caso a vitória sorrisse para o nosso lado, naquele jogo contra o Cuando-Cubango Futebol Clube, entraríamos para o jogo final, de sábado (31 de Julho) em vantagem na classificação, face ao concorrente ao título, dessa vez, o Sagrada Esperança. Porém, assim não aconteceu e deitamos tudo a perder.

Agora, as ocorrências anti-regulamentares verificadas no jogo diante da equipa lunda, mormente, o abandono deliberado do terreno de jogo, por largos minutos, o que veio a demonstrar que, afinal, aquela formação não estava assim tão confiante como apregoava, deve merecer o devido tratamento dos órgãos próprios da FAF, com as consequências aplicáveis ao caso, nem que isso signifique a imposição de derrota contra quem tenha optado por se rebelar ao que consideraram decisões injustas da equipa de arbitragem. Foi interessante, e bastante invulgar, ver e ouvir um político (no caso, o Governador Provincial da Lunda-Norte) que saindo da bancada VIP do estágio 11 de Novembro foi demover os atletas, treinadores e dirigentes do Sagrada da firme vontade de não mais regressar ao campo. Pasme-se! Seguramente, foi uma péssima propaganda para o nosso, já de si pouco prestigiado, Girabola.

Aguardemos pelo pronunciamento do órgão reitor do nosso futebol, a FAF.

Uma palavra de alento aos nossos jogadores, sobretudo, à garotada ousadamente lançada pelo técnico Bodunha, com olhar atento à boa safra existente no Clube, vocês foram bravos e, por isso, têm muito e bom futuro pela frente!

À Nação Tricolor, ávida de soltar o grito calado de “Somos Campeões”, sem prejuízo das brilhantes conquistas obtidas nas modalidades de sala e atletismo, nada nem ninguém fará morrer o nosso amor ao APL!

Que venha a próxima época futebolística e com ela a manutenção da grandeza petroatleticana!

É assim a festa da bola…