Por via do Jornal de Angola deste domingo, 09 de Janeiro, o país foi informado que o Presidente da República contratou uma empresa estrangeira, a Rotschild & Co., para “apoiar a criação de um fundo vocacionado para o Investimento Directo Estrangeiro e financiamento de projectos específicos.”
De acordo com o diário oficioso, mais uma vez o Presidente da República recorreu ao ajuste directo, seu método predilecto de contratação de empreitadas públicas.
O Despacho Presidencial por via da qual é feita a contratação Rotschild & Co. não é esclarecedor sobre se o futuro Fundo de Investimento Directo Estrangeiro competirá, coabitará com o Fundo Soberano de Angola ou se a criação da nova entidade implicará, necessariamente, a extinção do FSDEA.
Com uma dotação inicial de 5 mil milhões de dólares, o Fundo Soberano de Angola foi criado em 2012 pelo então Presidente José Eduardo dos Santos com o propósito de financiar projetos de infraestrutura, incluindo energia, água, e transporte, ativos financeiros, indústria, agricultura e turismo. Segundo as autoridades angolanas de então, o principal objetivo seria a criação de riquezas para as gerações futuras.
Em Janeiro de 2018, o Presidente João Lourenço exonerou José Filomeno dos Santos, filho de José Eduardo dos Santos, da presidência do FSDEA, trocando-o por Carlos Alberto (na foto), um antigo ministro das Finanças que tem relações familiares próximas com a antiga-primeira dama, Ana Paula dos Santos.
No ano seguinte, em 2019, o Presidente João Lourenço esvaziou o FSDEA em dois mil milhões de dólares para financiar o Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), um dos principais instrumentos eleitoralistas do MPLA.
A criação de um Fundo de Investimento Directo Estrangeiro envolve gera dúvidas sobre a sobrevivência do Fundo Soberano de Angola.
De acordo com o Jornal de Angola, a ideia da criação do Fundo de Captação de Investimento Directo Estrangeiro ganhou “asas” o ano passado quando, em visita a Paris, onde se deslocou para participar da cimeira França-África, o Presidente João Lourenço reuniu com Thibaud Foucarde, o presidente do Grupo Rothschild e do banco com o mesmo nome.
No final desse encontro, Foucarde anunciou a intenção de abrir um escritório em Luanda e fazer investimentos no país.