O presidente da República considerou hoje como “verdadeiro acto de terror” as cenas de violência ocorridas segunda-feira última, 10, no distrito de Benfica, em Luanda, indicando que as “impressões digitais deixadas na cena do crime são bem visíveis e facilmente reconhecíveis, e apontam para a materialização de um macabro plano de ingovernabilidade através do fomento da vandalização de bens públicos e privados, incitação à desobediência e à rebelião, na tentativa da subversão do poder democraticamente instituído”.
Numa mensagem hoje dirigida à nação a propósito da ocorrência, João Lourenço sublinhou que “naquele fatídico dia, valeu-nos o facto de a Polícia Nacional ter agido com bastante contenção, e as entidades privadas singulares e colectivas directamente lesadas terem se comportado como verdadeiros patriotas, tolerantes e responsáveis”.
Para o mais alto magistrado político da nação, os actos de vandalismo resultaram de oportunismo político. Contudo não indicou e nem insinuou quem terá estado por detrás do motim que paralisou e assustou parte considerável de cidadãos dos arredores da cidade de Luanda.

“A paralização de uma pequena parte dos táxis de Luanda, mesmo depois de o Executivo angolano ter atendido prontamente à principal reivindicação das associações representativas da classe, que tinha a ver com a redução da lotação dos táxis por força das medidas de protecção contra a propagação do vírus SARS-COV 2, serviu de pretexto para o aproveitamento político com vista a criar a ira dos cidadãos utilizadores desses meios de transporte urbano”, referiu.
O presidente da República apelou aos cidadãos lesados pelos actos de depredação a não fazerem justiça por mãos próprias, visto que “quem viu o seu património vandalizado, queimado ou destruído, que não pague pela mesma moeda”, sendo esta uma “responsabilidade dos órgãos competentes do Estado”.
Assegurou que as “forças policiais estão à altura do desafio e vão garantir a ordem e a segurança dos cidadãos, das instituições e da propriedade”. Do mesmo modo garantiu que “as eleições gerais previstas terão lugar em ambiente de plena segurança para os eleitores e os observadores, em Agosto do corrente ano de 2022, como estabelece a Constituição da República”.No dia em questão, motoristas de táxis colectivos que operam em Luanda iniciaram uma greve, concentrando-se num ponto da Estrada Nacional N.º 100. No local, impediram outros colegas de profissão que quisessem trabalhar, recorrendo a ameaças e destruição de pneus. Na sequência, houve queima de pneus, obstrução da via, depredação de um comité do MPLA situado nas redondezas e vandalização de dois autocarros, sendo um público e outro do ministério da Saúde, que transportava trabalhadores. Não há registo de mortes nem de feridos graves.