UNIÃO EUROPEIA PUXA TAPETE
AOS “ENTREPOSTOS” DA COVID-19

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Daqui a dias, quando diminuir a intensidade da dor decorrente da morte do seu, o Engenheiro Gilberto Lutucuta, antigo ministro da Agricultura, a ministra da Saúde terá pela frente outra chatice: as medidas de alívio das restrições para controlo da pandemia da Covid-19 acabadas de adoptar pelo conjunto dos países da União Europeia deixam os “entrepostos” angolanos da pandemia sem algum chão.

Quinta-feira, o Governo de Portugal, o principal destino europeu de angolanos, anunciou o fim do confinamento de contactos de risco, passando a ser apenas obrigatório para pessoas que tenham teste positivo (tendo ou não sintomas); o fim dos limites de lotação em estabelecimentos comerciais, o fim das limitações em bares e discotecas e um alívio na testagem; fim da recomendação do teletrabalho;  fim dos limites de lotação em estabelecimentos comerciais, equipamentos e outros locais abertos ao público; fim da exigência de apresentação de certificado digital, salvo no controlo de fronteiras e o  fim da exigência de testes negativos para acesso a grandes eventos, recintos desportivos e bares e discotecas.

No comunicado de quinta-feira, o Governo luso disse que doravante testes negativos só serão exigidos a portadores de certificado de 3.ª dose ou de recuperação, para visitas a lares e visitas a pacientes internados em estabelecimentos de saúde. A nova decisão da União Europeia mantém a obrigatoriedade do uso de máscara nos espaços interiores de acesso ao público onde é exigida actualmente (incluindo salas de espectáculos).

Há pouco mais de uma semana, os países membros da União Europeia decidiram abrir mão do teste de PCR que antes exigiam a todos os cidadãos que desembarcassem nos seus aeroportos.

Desde que a União Europeia abriu mão dos testes de PCR, todos os angolanos que viajam para os países desse bloco tomam como um vergonhoso roubo a exigência de referido teste que as autoridades angolanas impõem a todos os indivíduos – nacionais ou estrangeiros – que saem do país.

Várias entidades angolanas já se pronunciaram contra a insistência num teste que os países membros da União Europeia dispensam.

“Os testes de PCR para Portugal e outros membros da União Europeia continuam a ser exigidos porque geram fabulosos rendimentos”, segundo várias vozes concordantes.

De acordo com essas fontes, por detrás dos hospitais e clínicas certificadas pelo Governo para efectuarem tais testes “estão pessoas muito poderosas, algumas das quais com livre trânsito nos escalões mais elevados do poder em Angola”. 

Cidadãos de países membros da União Europeia residentes em Angola estão decididos a levar aos seus governos aquilo que tomam como “extorsão”, que é a persistente exigência de teste de PCR para irem a seus países.

Para um conhecido médico angolano, a exigência do teste do PCR só se justifica nos casos de reciprocidade. 

“O Brasil, por exemplo, exige testes desses a todos os cidadãos que desembarquem nos seus aeroportos idos do estrangeiro. Neste caso, Angola tem de exigir o mesmo de passageiros vindos do Brasil. Agora, qual o sentido do teste rápido a um cidadão que desembarca de Portugal, um país que tem a pandemia perfeitamente controlada?”

Em Maio de 2020, o Presidente da República ordenou uma sindicância a aviões da Etiophian Airlines e posteriormente suspendeu o contrato com aquela companhia aérea.

Contratadas especificamente para transportar material de combate à Covid-19, comprado à China, as aeronaves etíopes aterravam no aeroporto de Luanda lotadas de material, também de combate à mesma pandemia, mas não adquirido pelo Governo. 

A sindicância ordenada pelo Presidente da República perdeu gás quando se percebeu que o rasto da “muamba” conduzia a endereços de poderosos.

Também conhecida como “Ministra Covid”, embora se saiba que se limita a cumprir “ordens” de uma menina, a ministra da Saúde vai ter agora de decidir se ajusta os procedimentos angolanos ao que outros países fazem ou se continua a assaltar despudoradamente o bolso dos passageiros, que saem e chegam do e no país.

Por algum capricho qualquer, Angola reclama, sempre, um lugar entre os países que estão na linha da frente no combate à pandemia. Apesar de terem vacinado apenas cerca de 10% dos sues aproximados 32 milhões de habitantes, as autoridades angolanas têm-se insinuado junto da Organização Mundial da Saúde como combatentes da primeira linha.

Agora que a União Europeia, sobretudo, decidiu aliviar as restrições requeridas pela Covid, o mínimo que se espera de Angola é que, pelo menos desta vez, imite as boas práticas, que seriam, entre outros, estancar imediatamente as negociatas justificadas com pretenso combate à pandemia como, por exemplo, a insistência nos testes PCR a quem viaje a países onde não necessários e a cobrança de 11.278,00 kwanzas a quem desembarque em Angola por um teste rápido antígeno que as farmácias portuguesas fazem gratuitamente.