UNITEL descarta sobrecarga dos seus equipamentos

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Uma fonte da UNITEL, que falou ao Correio Angolense sob a condição de não ser identificada pelo nome, descartou qualquer ligação entre a quebra de qualidade do sinal da “Próximo Mais Próximo” e o surgimento de outras operadoras, nomeadamente a Africel.

Ele negou, também, que essa quebra se deva a qualquer desinvestimento da maior operadora angolana de telefonia celular.

Em alguns círculos, a quebra do sinal da UNITEL foi atribuído à uma pretensa sobrecarga do seu equipamento, que derivaria da sua partilha com a Africel, e à falta de investimento que se seguiu ao reforço da presença do Estado na estrutura acionista da empresa.

Não se trata nem de uma coisa e nem de outra. Primeiro, é necessário esclarecer que a quebra do sinal não se generalizou por Luanda e menos ainda pelo país. Circunscreveu-se a zonas como Talatona e a baixa da cidade, principalmente. A quebra teve uma grande amplitude em virtude de ter ocorrido em duas áreas onde há imensa demanda dos nossos serviços”, garantiu a fonte do CA.

Segundo esse responsável da UNITEL, “também não faz sentido falar em falta de investimentos. Pode parecer-lhe caricato, mas a quebra de que estamos a falar ocorreu justamente por causa do forte investimento que a UNITEL faz na sua infraestrutura. Fizemos um forte investimento para modernizar os nossos equipamentos e alguns deles revelaram falhas que o fabricante ou não percebeu ou minimizou”.

A fonte do CA estabeleceu uma analogia entre os problemas vividos actualmente pela operadora angolana com a “tempestade” que abalou a Boeing há pouco mais de 3 anos.

 Em Outubro de 2018, um Boeing 737 MAX 8 da Lion Air caiu minutos após decolar do aeroporto de Djacarta (Indonésia), provocando 189 mortos. O avião tinha apenas dois meses de uso.

Em Março de 2019, menos de um ano depois, uma segunda aeronave da mesma família despenhou-se na Etiópia. Tratou-se de um Boeing 737 MAX, da Ethiopian Airlines.  Todas as as pessoas a bordo, 157, morreram no acidente que ocorreu apenas seis minutos após a decolagem, próximo à cidade de Bishoftu.

Os dois acidentes foram atribuídos a deficiências subestimadas pelo fabricante.

De acordo com informações que vieram a público nos ensaios do modelo MAX do Boeing 737 os engenheiros teriam constatado problemas associados ao posicionamento dos motores dos aviões.

A Boeing entendeu que superaria o problema se implantasse nos seus novos aparelhos um software, um sistema chamado de MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System) – Sistema de Aumento de Características de Manobra. 

De acordo com os engenheiros da Boeing, esse sistema entraria automaticamente em acçãosempre que houvesse um risco de desestabilização, corrigindo eventuais comandos dospilotos que colocassem em risco a sustentação da aeronave.

Subestimada, a deficiência não foi comunicada a todas as compradoras dos novos modelos da Boeing e nem os seus pilotos preparados para eventualidades como risco de desestabilização.  

Em Angola, a migração da UNITEL para o sistema G5 exigiu da empresa pesados investimentos na sua infraestrutura.

De acordo com uma comunicação da empresa, a “infraestrutura 5G utilizada é suportada por tecnologias de Core e Acesso de rádio 5G Ericsson, para redes NSA (Non Stand Alone)”.

“É nos parâmetros (códigos) do Core que encontramos a dificuldade que tem perturbado a nossa prestação. Mas não se trata de um problema técnico; é de lógica. Estamos a trabalhar com o fabricante do equipamento para superarmos o mais rapidamente possível essa insuficiência”, garante a fonte do Correio Angolense.

Sobre a pretensa sobrecarga do equipamento derivada da sua partilha com a Africel, a fonte do Correio Angolense foi peremptória.

“Nem pensar! Mas nem pensar mesmo! Em circunstância alguma eles pediram que os levássemos às costas e mesmo que o fizessem garanto-lhe que não seriam bem-sucedidos”. 

Segundo essa fonte, a migração para o sistema G5 é paulatina e implica muito investimento e conhecimento sendo previsíveis e admissíveis algumas falhas.

No lançamento do sistema, Amílcar Safeca, um dos administradores da operadora, disse que a UNITEL está empenhada “em explorar todo o potencial da tecnologia 5G para levar a patamares ainda mais altos a experiência dos nossos Clientes na utilização dos nossos serviços. Esta conquista é um marco em direcção a essa ambição, e contamos com a colaboração contínua com nossos parceiros tecnológicos para tornar, em breve, a oferta comercial do 5G uma realidade no País.”