O mundo descobriu-se nos últimos dias com um problema complexo, a Ucrânia.
Um país de apenas 32 anos de independência (mais ou menos) e, aparentemente, o causador de uma enorme dor de cabeça à comunidade internacional.
A Ucrânia pertenceu sempre ao complexo das antigos repúblicas-satelites da ex-Uniao Soviética.
No entanto, em 1954, Nikita Kruschev (nascido no território da Ucrânia), concedeu, administrativamente, autonomia ao território e a graciosidade estendeu-se à Crimeia.
O que Putin quer (no fundo) é fazer a correção da história com que sonha há muito tempo.

Na Ucrânia convivem russos e ucranianos, estes de maioria católica, aqueles cristãos ortodoxos.
A desintegração da União Soviética (1992) trouxe de volta o problema da Ucrânia, mas não só.
Outras repúblicas (a Geórgia, Arzebaijao, Kazaquistao… enfim) separaram-se do poder central que emanava de Moscovo.
Dois anos depois do seu nascimento, a Ucrânia (1994) entrega todo o seu arsenal nuclear militar à Rússia, depois de assinar o “memorando de Budapeste”.
Hoje arrepende-se amargamente. EUA, China e França subscrevem, mas não fiscalizaram o cumprimento dos termos do memorando.
A partir deste momento, a Ucrânia quis seguir o seu caminho e este caminho pressupunha uma guinada à ocidente.
Neste ponto, convém referir o que o ex-secretario de Estado norte-americano Henri Kissinger escreveu: “A discussão pública sobre a Ucrânia é sobre confronto. Mas, sabemos para onde estamos indo? Na minha vida, vi quatro guerras começarem com grande entusiasmo e apoio público, todas não sabíamos como terminar e três das quais nos retiramos unilateralmente. O teste da política é como termina, não como começa.”
O problema de Kissinger é ele próprio.
A sua atuação no então designado “conflito angolano” ficou marcada pela decisão de apoiar a UNITA (nada sabia sobre Savimbi, por exemplo…) porque o presidente zambiano, Keneth David Kaunda, lhe havia dado uma recomendação nesse sentido.
O teórico Henry Kissinger (muito apreciado pelas suas habilidades retoricas) é, porém, pouco dado à prática.
Em 2014, a Ucrânia e a Rússia rubricaram o acordo ou protocolo de Minsk. O número três (3) deste documento fixa os procedimentos para implantação dos “poderes locais”. A Rússia (mais uma vez) ludibriou os seus parceiros ucranianos e implantou duas repúblicas-satelites no leste da Ucrânia.
Claro que nestes contextos, a OTAN e a União Europeia lidaram, porventura, muito mal, com a questão da Ucrânia, a começar pela anexação da Crimeia.