A escassas horas do fim do prazo para depositar uma caução de 6 milhões de euros em troca de sua liberdade provisória, o ex-banqueiro Álvaro Sobrinho “pensou melhor” e decidiu acatar a decisão judicial.
Segunda-feira, 28, Sobrinho apresentou ao juiz Carlos Alexandre uma proposta para pagar a milionária caução.
Concretamente, o ex-banqueiro propôs ao juiz a hipoteca de mais de três imóveis que possui em Portugal.
Até a semana passada, Álvaro Sobrinho mostrava-se relutante em depositar a caução.
Na segunda-feira passada, 21, a rádio TSF citou advogados do ex-banqueiro como tendo dito que ele não tem dinheiro para pagar a milionária caução. Álvaro Sobrinho terá instruídos os advogados para comunicarem ao juiz Carlos Alexandre a sua incapacidade de fazer face à elevada verba.
“Com certeza que ele quer testar a firmeza do sistema judicial português. Mas, contrariamente ao que se passa em Angola, onde um simples telefonema pode decidir tudo, aqui em Portugal ou ele paga a caução ou entra na choça. Aqui não há meios termos”, conforme comentou àquela estação radiofónica um ouvinte.
Segundo entendidos, a caução aplicada a Álvaro Sobrinho levou em conta o dinheiro que terá tirado do BESA, elevado património imobiliário que possui eem Portugal e muitos outros bens.
No Estoril-Sol, um dos mais luxuosos condomínios de Lisboa, Álvaro Sobrinho tem seis apartamentos, todos eles comprados de uma só vez. Além disso, é accionista da SAD sportinguista e tem interesses em vários grupos de media portugueses.
Esta segunda-feira e a escassas horas do termo do período para depositar a caução, sem o que seria imediatamente conduzido a uma unidade prisional, o ex-homem forte do falido Banco Espírito Santo Angola (BESA) rendeu-se aos factos e propôs a hipoteca de mais de três imóveis.
Ao fim do dia de segunda-feira não era ainda conhecida a decisão do juiz Carlos Alexandre.
Presidente do BESA durante mais de 10 anos, Álvaro Sobrinho foi ouvido no dia 17 de Março no Tribunal Central de Instrução Criminal no âmbito de um inquérito relativo à suspeita de vários crimes associados à gestão do banco.
No final da audição, Álvaro Sobrinho ficou sujeito a várias medidas de coação, nomeadamente, a prestação de uma caução de 6 milhões de euros, proibição de se ausentar de Portugal até à data em que preste integralmente a caução, obrigatoriedade de se apresentar trimestralmente perante as autoridades portuguesas e proibição de se ausentar da zona Schengen, com a concomitante entrega imediata dos passaportes.
“Com essas medidas de coação, nomeadamente a limitação de movimentos ao Espaço Schengen, Sobrinho tem de esquecer, para já, muita coisa com que se diverte em Angola, nomeadamente o campo de golfe dos mangais, para cuja construção ele disse terem sido empregues 100 milhões de dólares”, diz fonte angolana.