Gustavo, todos procuram a tua ausência

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Graça Campos escreveu há dias uma crónica cheia de lembranças de Gustavo Costa. 

Disse duas coisas: uma, que Gustavo Costa foi o capitão da melhor seleção de jornalistas desportivos que o país já teve. 

A segunda: que Gustavo Costa era um jornalista que tinha olhos e ouvidos “em tudo quanto é canto”. 

Graça Campos diz não se lembrar quando e onde conheceu Gustavo Costa. 

Eu, ao contrário de Graça Campos, lembro do dia em conheci o Gustavo, num domingo, no Estádio dos Coqueiros nos anos oitenta. 

Tal como Graça Campos, foi em torno do JDM que nasceu a nossa amizade. 

A Paula era a nossa paciente conselheira, sobretudo nas questões do saneamento das nossas ofensas à língua portuguesa. 

O Gustavo, como lembra Graça Campos citando um texto que escrevi sexta-feira, era dono de um humor corrosivo. 

E Graça Campos lembra que naquele época em torno de Gustavo Costa e no próprio JDM já se criticava o regime quando os revús, que hoje reivindicam a invenção da contestação, ainda não tinham nascido.

Gustavo era o melhor entre nós. Quando se erguer o monumento à liberdade de imprensa em Angola certamente o teu nome será lembrado. 

Lembrar o Gustavo da melhor maneira começaria por: 1) uma compilação e publicação da sua obra, sugerida pelo político, académico e escritor Marcolino José Carlos Moco;. 2) Inserção da sua obra e percurso nos cursos de jornalismo.

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Limpar a lágrima do rosto

(Poema meu que li)

() escrito em três linhas

o elogio fez -se

num segundo.

orações 

e sentimentos 

Em forma de luto.

Agora, 

As cores na parede desaparecida.

Percorrer outros caminhos.

Refazer animus sem chorar.

Limpar do rosto a lágrima

Que teimar.

Depois, 

imensas e homéricas

gargalhadas.

whisky nos copos cheios.

discursos não-alinhados.

Mais tarde,

Fundar/criar/reecriar /refundar.

a alma perdida

Na tua ausência.

Refundar novos animus.

Refazer outros reencontros.

Todos a procura da tua ausência.(…)

Por fim,

Receba

As belas flores

Que te trouxeram.

Um buquet de rosas de porcelana

Para a Paula.

E uma salva de palmas

Para ti, Gustavo.

Pá, pá, pá, pá

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Jornalista, Escritor e Jurista.