Definitivamente, o futebol nacional, que suscita emoções e atrai multidões, está a passar pelo momento mais tenebroso da sua existência, pelo menos desde que nos conhecemos como seguidores deste desporto, devido às más mãos a que ele está presentemente confiado. Se no primeiro mandato fomos vendo sinais evidentes sobre o fim último desse elenco, que conduz a Federação Angolana de Futebol, neste segundo mandato já percebemos que, o que almeja, é mesmo destruir o nosso futebol. Para tanto, o referido elenco escolheu como estratégia central dividir os apaniguados da Bola no Pé, por via das deliberações que toma e dos posicionamentos individuais que assume. Daí o nosso recurso ao velho brocardo (quando a cabeça não regula, o corpo é que paga), com as devidas adaptações, para ilustrar o cenário vivenciado em que, quando os dois agentes (Sagrada Esperança e FAF) se juntam, quem paga/sofre, com prejuízos desportivos e financeiros, é o Petro de Luanda.
E sem necessidade de nos remontarmos ao sarau de incongruências deliberativas e posturas arrepiantes, que este elenco directivo foi capazes de produzir, desde o momento que fez poiso na FAF, faremos um pequeno exercício, tendo como referência atitudes de bradar aos Céus, recentes, do Grupo Desportivo Sagrada Esperança, ou simplesmente Sagrada Esperança da Lunda-Norte, às quais o elenco da FAF se atrelou de forma opaca, sabe-se lá por que força de atracção, tudo porque estavam unidos no ardente desejo de, passe o plebeísmo, «fatigar» o Atlético Petróleos de Luanda!
A primeira situação, que pode ter funcionado como o estopim desse dueto de personagens de novelas melodramáticas (Sagrada/FAF), que, seguramente, o nosso mundo do futebol não precisava e nem precisa, tem a ver com o quadro rocambolesco, protagonizado pelo Sagrada Esperança no dia do jogo decisivo (31.07.2021) do título do Girabola 2020/2021, em que o team Lunda simplesmente abandonou o campo, tendo ficado mais de 15 minutos fora dele, contra orientações precisas de Leis do Jogo, ao que a FAF reagiu sonegando seus próprios regulamentos e fazendo descaso às legítimas reclamações e recursos do APL. Quer dizer, a FAF transformou em normal, um clube abandonar o terreno de jogo, pelo tempo que lhe apetecer; uma equipa de arbitragem não exibir cartões amarelos aos jogadores e corpo técnico da equipa na situação de abandono de campo e que, face à existência de amarelados nessa equipa, teria de haver expulsões; que indivíduos estranhos ao futebol, concretamente políticos, podem adentrar aos balneários e lá fazerem das suas. Enfim…
Seguiu-se a fantástica cena, referente à disputa da Supertaça, que, sendo de regulamento existente à época, deveria ser jogado a duas mãos, a Direcção da FAF decidiu-se pela marcação de apenas um jogo, tendo o assunto sido levado à Assembleia Geral Extraordinária, para que, por paralelismo de forma, produzisse nova deliberação, a mesma (mantendo a regra dos dois jogos) foi ignorada pelo Sagrada Esperança e toda a FAF aplaudiu de pé e ainda prestou auxílio jurídico aos lundas. Tudo isso em total desrespeito ao filiado APL, que apenas queria ver cumpridas as regras pré-existentes de competições futebolísticas.
E para compor o desfile de tropelias regulamentares básicas e de egos inflamados das gentes sábias da FAF, surge, então, o caso Depu. Este atleta, que atende pelo nome completo de Laurindo Dilson Maria Aurélio, teve vínculo com o Grupo Desportivo Sagrada Esperança (GDSE). Porém, por se encontrar a contas com uma grave lesão, que o tiraria da participação dos jogos do campeonato, até ao seu fim, solicitou, no mês de Março último, a cessação antecipada do contrato, que os ligava, já que o mesmo terminava no mês de Maio, sem, no entanto, obter resposta favorável do citado clube. Onde está a dificuldade de as gentes sábias da FAF perceberem que o Sagrada Esperança, ao não aceitar a solicitação do atleta, e mais, ao efectuar o pagamento do seu salário de Março, fez o contrato se manter válido até ao seu termo natural, que ocorreu em Maio?! De uma vez por todas, quer a FAF, como todos que se prestam a analisar o caso, devem esquecer as figuras da cessação antecipada do contrato, porque o pedido do atleta não foi atendido, e a rescisão do contrato, uma vez que não foi requerida pelo atleta! Logo, é para esquecer também a exigência do SE de qualquer compensação, lançando mãos de uma pretensa cláusula compensatória. Do balúrdio com que o tal clube se quer ver forçado e injustamente ressarcido, nem merece a pena comentar…
Em suma, como para grandes males, devem haver grandes remédios, e em atenção à premente necessidade de vermos o nosso futebol afastado de mãos de quem não quer dele o seu melhor, antes pelo contrário, só brindam com atropelos às regras, arrogâncias de trato (inclusive para com os dirigentes do Ministério da Juventude e Desportos) e descaso ao que pessoalmente não lhes convém, propomos aos agentes e aos amantes do futebol angolano as soluções que se seguem:
1. Que a Associação Nacional de Clubes Angolanos de Futebol (ANCAF) diligencie para ter por terminados os passos que levarão à institucionalização da Liga de Clubes de Futebol, de sorte a que a organização do Girabola saia imediatamente da esfera da FAF.
2. Que os verdadeiros agentes e amantes do futebol, se unam para, em conjunto, se enfrente o chorrilho de incongruências e factores de perturbação que emanam desta Direcção da FAF.
3. E, por fim, que o actual elenco da FAF tenha a hombridade suficiente e a humildade necessária para reconhecer a sua pouca serventia e deixar o nosso futebol livre da sua indigesta presença. Até porque não ganham mesmo nada com isso!
Doutro modo, seguiremos a encarar e a suportar o que de pior o referido elenco ainda terá por exibir na presente época desportiva e nas que se seguirão. Temos dito!