Embaixadora nos Estados Unidos, Joaquim do Espírito Santo atribui a sobrevivência à recente troca de cadeiras entre representantes de Angola no exterior a um pretenso reforço da confiança política que o Presidente da República depositaria nele.
Nos corredores da embaixada e nos poucos círculos diplomáticos em Washington a que vai relutantemente, Joaquim do Espírito Santo gaba-se de identificar no Presidente João Lourenço sinais de reforço da confiança na sua pessoa e trabalho.
“Como constatam, nada daquilo que se propalou nas redes sociais aconteceu. A rotação foi feita e eu continuo aqui”, ufanou-se junto de funcionários desiludidos com a decisão do Presidente da República de manter Joaquim do Espírito Santo em Washington.
O Correio Angolense sabe que a permanência de Espírito Santo na embaixada nos Estados Unidos não tem nada a ver com o apreço que o Presidente João Lourenço teria pelo trabalho do diplomata.
A remoção de Joaquim do Espírito Santo de Washington está condicionada à aceitação, ou não, do pedido de acreditação de um novo embaixador que as autoridades angolanas fizeram aos Estados Unidos.
“Antes de aceitarem o pedido de acreditação, os Estados Unidos têm por norma analisar minuciosamente o perfil do embaixador proposto. Essa análise comporta o passado do candidato a embaixador, a sua experiência diplomática, a sua conduta moral e o seu registo criminal. Os Estados Unidos não dão o agreement sem antes conhecerem todos os contornos do proposto embaixador”, segundo explicou ao CA uma fonte familiarizada com o ritual norte-americano de acreditação de embaixadores.
Solicitada há três meses, as autoridades norte-americanas ainda não responderam ao pedido de acreditação de um novo embaixador de Angola.
“É a isso que o embaixador Espírito Santo deve a sua permanência em Washington e não a qualquer voto de confiança do Presidente da República”, acredita a fonte do CA.
Em Dezembro passado, fontes diplomáticas angolanas identificaram no Presidente João Lourenço determinação de exonerar o embaixador Joaquim Espírito Santo por haver preparado muito mal a sua deslocação a Washington para participar da cimeira EUA/África.
Com as embaixadas mais “atraentes” já preenchidas, quando cessar funções nos Estados Unidos, a Joaquim do Espírito Santos só restarão três opções: voltar ao Ministério das Relações Exteriores, ir a uma capital africana de terceira categoria ou reformar-se, que é o que faria qualquer indivíduo menos obcecado por cargos no exterior.
“Quando os Estados Unidos acreditarem o novo embaixador, o sr. Joaquim do Espírito Santo terá de escolher uma daquelas três opções”, rematou a fonte do CA.
Com base em fontes que toma como muito credíveis, o Correio Angolense noticiou no dia 20 de Fevereiro que o Governo de Angola pediu aos EUA a acreditação de Agostinho Van-Dúnem (Gugu) como seu embaixador em Washington.
Se acreditado, Agostinho Van-Dúnem será, aos 51 anos, o sétimo embaixador de Angola nos Estados Unidos.
Agostinho de Carvalho Van-Dúnem é formado em Relações Internacionais pela Universidade portuguesa de Minho. Foi secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores no consulado de Manuel Augusto.
Antes, trabalhou na Assessoria Diplomática do Presidente da República.