JL em novo “tour”
com o “GB” em mente

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Em Maio de 2022, dois meses antes das eleições gerais, o Presidente da República restringiu as deslocações de governantes ao estrangeiro.

Alegando a “necessidade de se maximizarem os resultados do trabalho de articulação institucional desenvolvido, bem como efetuar o balanço das actividades realizadas ao longo do mandato pelos diversos órgãos da administração central e local do Estado”, através do Despacho n.º 113/22, o Presidente da República suspendeu, a partir de 15 de Maio daquele ano, as deslocações ao estrangeiro de ministros, secretários de Estado, governadores e vice-governadores provinciais.

O Despacho do Presidente da República esclarecia que a suspensão não se aplicava ao ministro e aos secretários de Estado do Ministério das Relações Exteriores.

João Lourenço também abriu excepção a “entidades que se desloquem para atender a situações pontuais e inadiáveis, desde que devidamente autorizadas”.

Realizadas as eleições, que o MPLA disse ter ganho, João Lourenço foi o primeiro a quebrar o curto “jejum” de viagens ao exterior.  

Poucos dias depois de ser empossado, no dia 15 de Setembro, João Lourenço deslocou-se à Espanha para o que foi descrito como visita privada.

Regressado ao país, no dia 3 de Outubro, até ao final de 2022 o Presidente da República arranjou motivos para, de entre outros destinos, ir ao Senegal, Rwanda, Noruega, Estados Unidos, Gabão e fechou o ano com uma mal sucedida ida ao Brasil, onde, além de não ter sido recebido em privado pelo anfitrião Luís Inácio Lula da Silva, viu parte do numeroso séquito de que se faz sempre acompanhar nas deslocações ao estrangeiro envolvida em cenas de pugilato.

Sob a estafada justificação de atrair investimentos para o país, logo na primeira quinzena de Janeiro do presente ano João Lourenço deslocou-se a Abu Dhabi, que, com o Dubai, conformam os Emirados Árabes Unidos.

Desde que chegou ao poder, o Presidente da República transformou o país num simples ponto de passagem para carregar o seu “multicaixa”. Além disso,  o Presidente da República aproveita as curtas estadas em Angola ou para exonerar algum desgraçado ou para adjudicar novas empreitadas a seus amigos. 

Apostado em figurar no Guiness Book como o presidente mais viajado de todos os tempos, neste momento o chefe de Estado angolano perambula pelo Japão, sob o pretexto de reforçar as relações bilaterais.

Não se sabe se terminado o “tour” pelo país do Sol nascente João Lourenço passará por Angola para saber a quantas vão as diabruras do juiz conselheiro de Caconda ou se abalará directamente para a Austrália ou Nova Zelândia, países que ainda não visitou, pelo menos oficialmente. 

Neste momento, a prudência recomendaria que João Lourenço impusesse alguma “disciplina” à sua compulsão por viagens ao estrangeiro e regressasse ao país, mesmo que seja apenas para ser informado sobre o andamento da campanha do homem a quem são atribuídas intenções de lhe disputar o mais importante cadeirão do MPLA, o narcisista Higino Peito Alto Carneiro.

Fiéis ao chefe, deputados (pelo MPLA), ministros, governadores, secretários de Estado também deixaram-se contagiar pela compulsão das viagens ao exterior. 

Neste momento, além do Presidente da República, o nosso incansável peregrino, estão fora de portas a presidente da Assembleia Nacional, em visita de trabalho ao Bahrein, e numerosos outros governantes.

Como geralmente coloca no seu “saco de viagem” quase todos os membros do Governo, neste momento não deve chegar a duas dúzias o número de ministros e secretários de Estado presentes no país.

A ausência de governantes do país é acentuada pelo passeio que seis secretários de Estado, devidamente autorizados pelo viajante compulsivo, fazem na Suíça, para onde se encontram desde quarta-feira, 8, com o pretexto de participarem da 28.ª Sessão do Comité dos Direitos das Pessoas com Deficiência. 

A reunião vai estender-se até 24 de Março. Quase um mês de férias graciosas.

Não se sabe o que a secretária de Estado da Família e Promoção da Mulher, Alcina Cunha Kindanda, dirá num fórum dedicado a pessoas com deficiência – que pode ser física e mental, uma patologia que atinge muitos governantes angolanos.

Muito complicado é também tentar adivinhar o que vão dizer Esmeralda Mendonça, secretária de Estado das Relações Exteriores, Nuno Carnaval, secretário de Estado para a Comunicação Social, Pacheco Francisco, secretário de Estado para o Ensino Pré-Escolar, Teresa Ulundo Oliveira, secretária de Estado dos Desportos.

Compreensível, na numerosa delegação, é, apenas, a presença de Ana Celeste Januário, secretária de Estado dos Direitos Humanos e Cidadania.

Consta que o secretário de Estado da Comunicação Social foi a Genebra com o único propósito de dizer ao mundo que a Televisão Pública de Angola já passou a incorporar a comunicação gestual no seu principal noticiário…

Nos países em que o erário é usado com parcimónia, à secretária de Estado dos Direitos Humanos e Cidadania juntar-se-iam, somente, um deficiente físico, como esse vosso escravo, um deficiente visual, como o velocista e campeão mundial José Sayovo, e um deficiente mental, que pode ser qualquer ministro do Executivo… 

 Abandonado à sua sorte no meio do mulherio, Nuno Carnaval corre o grave risco de converter-se à fofoca, que é o desporto favorito de muitas mulheres…

Dir-se-ia, à guisa de conclusão, que sem nenhum projecto ou programa exequível para o país, o Presidente da República decidiu gastar os poucos recursos que sobreviveram à roubalheira, que agora chegou a níveis nunca antes atingidos em Angola, em digressões pelo estrangeiro.

E para, no futuro, não responder solitariamente pelo gamanço e gastança do dinheiro público, o Presidente decidiu juntar à farra de viagens toda a sua camarilha.