Clínica Sagrada Esperança disponibilizará mais 40 camas para doentes com Covid’19

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Braço sanitário do grupo ENDIAMA terá 80 camas para acolher pacientes com Covid’19, ficando os doentes sintomáticos leves e moderados na unidade do Zango, arredores do centro de Luanda, numa unidade que até há pouco tempo não tinha serviços de internamento, dedicando-se apenas a consultas (atendimento) ambulatórias…

A Clínica Sagrada Esperança iniciou há duas semanas um processo de alargamento da sua capacidade para o atendimento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, procedimento determinado pelo aumento do número de pacientes que solicitam os serviços dessa unidade hospitalar.

A informação foi prestada ao Correio Angolense pelo director de Extensões e Parcerias do braço hospitalar do grupo ENDIAMA. Jorge Dupret informou que para o efeito será aberto na unidade Sagrada Esperança do Zango, em Luanda, um serviço para acolher doentes com Covid’19. “É uma unidade que até há pouco tempo dedicava-se apenas a atendimento ambulatório, mas devido a pandemia que o Mundo enfrenta decidimos utilizá-la para acolher doentes assintomáticos, leves e moderados de Covid’19”, explicou.

De acordo com o médico, “a unidade do Zango, com 40 camas, vai acolher a partir dos próximos dias doentes moderados, ficando os que inspirem maiores cuidados na unidade da Ilha de Luanda. Dados do Ministério da Saúde (MINSA) indicam que em torno de 80% dos doentes de Covid’19 no país são assintomáticos e há que separá-los dos sintomáticos, como já temos estado a fazer. Por esta razão é que haverá tantas camas no Zango quanto na Ilha”.

A Clínica Sagrada Esperança começou a lidar com casos de Covid’19 em Abril último, segundo assegurou ao Correio Angolense a médica Tânia Sachissokele, coordenadora da Unidade Covid desse estabelecimento hospitalar. Por isso, daí ter os mecanismos devidamente apurados, em obediência às normas internacionalmente consagradas. Desse modo, há uma pré-triagem a que os utentes dos serviços clínicos se submetem e, em função do seu estado ou interesse, são encaminhados para os correspondentes sectores da unidade. 

“Dado o aumento de casos no país e porque devido ao altíssimo risco de contágio os doentes de Covid’19 não podem ficar ao lado de outros doentes, em Junho passado instalamos duas tendas no parque da clínica para atendermos os casos que iam chegando”, disse a nossa interlocutora para quem “as tendas têm todas as condições de internamento, estando as camas entre pacientes espaçadas por metro e meio como mandam as regras da Organização Mundial da Saúde”.

De acordo com a nossa interlocutora, “cada uma das duas primeiras tendas tem cinco camas e no decurso do presente mês foram instaladas mais duas tendas, estas com seis camas cada”. A demanda é muito grande. Diariamente chegam em média sete casos suspeitos ou confirmados. Por isso, o sector de internamento de doentes infecciosos comuns passou a ser uma enfermaria de cuidados intensivos de doentes com Covid’19 em estado preocupante. “Temos 12 camas nessa ala”, informou. Assim, no cômputo geral a Sagrada Esperança dispõe de 40 camas, que somadas a outras tantas do Zango totalizará 80.

A médica assinalou que o hospital dispõe de seis ventiladores para atender aos casos de Covid’19. Tânia Sachissokele disse temer que pela velocidade com que o vírus se está a propagar em Angola, aventa a possibilidade de se chegar a uma fase em que os ventiladores podem não ser suficientes, como aconteceu em vários países. “Neste momento, cinco dos nossos ventiladores estão em uso, achando-se ocioso apenas um. Temo que possamos chegar ao estágio em que teremos de escolher a quem entubar”, augurou.

Segundo constatou o Correio Angolense in situesta terça-feira, 21, na estrutura ad-hoc montada no parque de estacionamento, além de sala de espera e de rastreio para adultos e crianças, há também uma unidade de Raio-X fixa, estando, entretanto, ainda avariado o aparelho de Raio-X portátil, facto confirmado por Tânia Sachissokele. Acrescentou que apesar de a unidade dispor do aparelho GeneXpert, para fazer RT-PCR, para diagnóstico de infecção por novo coronavírus, não têm feito esses exames por não dispor de reagentes, em razão de o fabricante não os disponibilizar para a clínica.

O estabelecimento dispõe igualmente de equipamentos para exames serológicos, estando a aguardar os reagentes.Em face dessa falta, o dispositivo de Raio-X ganha alguma importância na realização de exames complementares que ajudam a diagnosticar o estado dos pulmões dos pacientes. “Ppara determinar a extensão de eventuais lesões pulmonares o mais importante, porém, é o TAC, aparelho de que a clínica dispõe, assim como R-X. A avaria de um aparelho não significa que não se façam exames, pois temos redundâncias”, esclareceu, acrescentando que “para os testes de novo coronavírus as amostras colhidas são enviadas para o Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS), demorando os resultados entre seis e oito dias”.  

Passa assegurar os serviços, equipas de médicos, enfermeiros e técnicos revezam-se a cada 21 dias na clínica da Ilha, unidade integrada naquele que é já quantitativamente o maior subsistema de saúde do país, depois do serviço do MINSA. A Sagrada Esperança está presente em 13 das 18 províncias do país, registando ausência em Malanje, Uíje, Kuando Kubango, Kwanza Norte e Bié.