São Vicente “agrafado”

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O empresário Carlos Manuel de São Vicente (Lacinho), dono das 3 AAA, foi conduzido ao fim da manhã de hoje à cadeia de Viana para cumprir prisão preventiva determinada pela Procuradoria Geral da República.

São Vicente regressou esta manhã ao Departamento Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) para ser ouvido num segundo interrogatório sobre suspeita de cometimento de vários crimes de natureza económica. 

Ele foi constituído arguido no dia 9 de Setembro. Uma semana depois, a 15, foi interrogado na DNIAP durante longas horas. No final da audição foi-lhe aplicada a mais suave das medidas de coação previstas no ordenamento jurídico angolano, ou seja, termo de identidade e residência.

Neste final de semana, os Serviços de Inteligência souberam de diligências de Carlos São Vicente para sair do país, o que levou a um imediato reforço de medidas de segurança em torno da sua casa.

Milionário, São Vicente também é detentor de nacionalidade portuguesa. 

Na terça-feira, depois de ouvi-lo num segundo interrogatório, a DNIAP decidiu aplicar a São Vicente medida de coação mais forte, a prisão preventiva, tendo sido de imediato conduzido à cadeia de Viana.

 No dia 8 de Setembro, a Procuradoria-Geral da República emitiu um mandado de apreensão dos edifícios AAA, hotéis IU e IKA, construídos por todo o país, bem como da participação de 49 por cento das acções no Standard Bank. Este património foi arrestado por indícios de crimes de peculato, participação económica em negócio, tráfico de influência e branqueamento de capitais do seu proprietário. 

A medida de prisão preventiva decretada sobre o dono das 3 AAA pode ter sido precipitada pela combinação de dois factores: diligências para fugir do país e a pressão da sociedade, que acusa a Justiça de usar critérios desiguais em situações análogas.

Em concreto, a opinião pública aponta a prisão preventiva decretada contra Ernesto Kitekulo, um antigo vice-governador do Kuando Kubango, e compara-a o termo de identidade e residência imposto a São Vicente e conclui que a Justiça não foi equânime.

O crime de que São Vicente é indiciado envolve o depósito, num banco suíço, de pelo menos 900 milhões de dólares, dinheiro que o Estado angolano agora reclama.

Ernesto Kitekulo está preventivamente detido por suspeita de desvio de pouco mais de 500 milhões de kwanzas.