Respeito deve Ser recíproco

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O direito de manifestação está consagrado na Constituição angolana. 

Com total, pode afirmarse que o crescente número de manifestações em Angola tem como objetivo forçar o sistema político a abandonar a gestão vertical em favor da gestão horizontal. 

É tempo de o Presidente da República  reflectir sobre a sua governação. 

Seis anos depois de ter assumido o poder, ele deveria saber que, em matéria de respeito, a reciprocidade é válida. 

É do conhecimento geral que o povo só respeita as instituições se o inverso for verdadeiro. 

Chegou o momento de uma mudança de paradigma. 

Só um sistema político aberto, baseado num diálogo permanente, pode permitir que o país se concentre no seu desenvolvimento. A consulta deve ser integrada no processo de decisão. Isto deve ser feito em todos os sectores. 

Enquanto garante da Constituição, o Presidente tem o dever de garantir à população que as suas exigências estão a ser tidas em conta através de consultas. Envolver os cidadãos no processo seria a solução para canalizar a sua raiva. Desta forma, o espectro do desprezo desaparecerá, dando lugar ao respeito mútuo. Porque uma gestão baseada no desprezo pelos outros só pode ser contraproducente, nomeadamente a nível internacional. 

Para um país em desenvolvimento, com todos os seus desafios, ninguém pode pretender ter o monopólio das soluções. 

Graças ao seu sistema político, baseado essencialmente no diálogo permanente e na participação dos cidadãos no processo de decisão (uma fórmula mágica), a Suíça é poupada a uma proliferação de manifestações, ao contrário de outros países ocidentais. Esta estabilidade contribui enormemente para o crescimento económico do país. 

Em suma, o diálogo permanente com os partidos da oposição, os sindicatos, a sociedade civil, etc., deve ser rapidamente adotado para pôr termo à degradação da imagem do país.

Desta forma, o país poderá concentrar-se melhor no seu desenvolvimento, que exige a contribuição de todos os angolanos, independentemente das suas convicções políticas.