FAIREN PODE DEIXAR A TAAG
COM OS BOLSOS A “TRANSBORDAR”

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A rescisão do contrato que liga o espanhol Eduardo Soria Fairen à TAAG dar-lhe-á direito a uma considerável indemnização. 

Eduardo Farein foi contratado em Outubro de 2021 para presidir à Comissão Executiva da TAAG que, de entre outras, teria por missão, de acordo com a edição online do Novo Jornal do dia 21, “conduzir a empresa a uma nova fase da sua existência que passa, primeiro, pela sua reestruturação e melhoria da eficácia financeira e, numa segunda fase, proceder à sua privatização”.

O “contrato-contrato” previa, ainda, a definição de estratégias empresariais que visassem a criação e exploração de novas oportunidades. 

Previsto no contrato, um dos primeiros objectivos alcançados por Eduardo Fairen e pares foi a assinatura de uma parceria com a espanhola Iberia para a exploração conjunta de uma nova rota ligando Luanda-Madrid/Luanda. 

Um ano depois, em 2022, a TAAG prorrogou para até 2026 o contrato com o espanhol.

Porém, na quinta-feira, 5 de Dezembro, uma assembleia extraordinária de acionistas da transportadora terminou com o anúncio de que a “TAAG ENTRA EM 2024 COM UMA NOVA LIDERANÇA”.

Para a nova liderança, a assembleia de acionistas escolheu o economista António dos Santos Domingos para a presidência do Conselho de Administração, e Nelson Pedro Rodrigues de Oliveira para a presidência da Comissão Executiva.

O anúncio da nova liderança antecipa em dois anos o fim do contrato com o espanhol Eduardo Soria Fairen e com a presidente do Conselho de Administração, Ana Major.

Nos termos da legislação em vigor, a rescisão unilateral de contrato dá lugar à indemnização à parte preterida.

Escudando-se na cláusula de confidencialidade que envolve o contrato, fonte do gabinete do ministro dos Transportes recusou-se, terminantemente, a revelar ao Correio Angolense o valor das indemnizações possivelmente devidas a Eduardo Fairen e Eliza Major. 

“Não podemos, de forma alguma, dizer-lhe quanto se vai gastar com as indemnizações. Aliás, isso é um assunto da TAAG. Vá lá e vê se encontra alguém disposto a violar a cláusula de confidencialidade”, disse, mal humorada, fonte do gabinete de Ricardo de Abreu.

À insistência do Correio Angolense, a fonte do gabinete do ministro condescendeu que “sim, no sector aeronáutico via de regra as indemnizações envolvem muito dinheiro”.

No comunicado através do qual anunciam que a “TAAG ENTRA EM 2024 COM UMA NOVA LIDERANÇA”, os acionistas da transportadora aérea nada dizem sobre se Eduardo Fairen, Ana Major e outros alcançaram, ou não, as metas para as quais foram contratados.

Há duas semanas, o portal Correio da Kianda, propriedade de um alto funcionário do Ministério da TelecomunicaçõesTecnologias de Informação e Comunicação Social, revelou que um relatório, ainda não conclusivo, de técnicos da Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) “arrasa completamente” a actual gestão da empresa. 

De acordo com o portal, os “emissários” da IGAE na TAAG, que já lá estão há mais de seis meses, detectaram “falhas graves nos domínios da gestão financeira, de recursos humanos, operacional e de manutenção”.  

Correio da Kianda admite mesmo procedimentos criminais e disciplinares contra os gestores da TAAG.

“Se o que o Correio da Kianda diz é verdade, então quem deverá ser indemnizada é a TAAG, porque além de se não terem alcançado os objectivos preconizados, aparentemente Eduardo Fairen e Ana Major causaram graves prejuízos à empresa”, segundo avaliou ao Correio Angolense fonte independente.

Para um funcionário da TAAG, que aceitou falar ao Correio Angolense na condição de não ser identificado, a “TAAG foi gravemente lesada e só não será indemnizada se os actuais gestores forem protegidos”.

Resultado de “um extenso e criterioso processo de procura e de selecção” efectuado pela tutela, a composição e competências da futura equipa de gestão da TAAG rapidamente poderá dar lugar a sarilhos.

Na actual direcção da empresa, Ana Major preside ao Conselho de Administração, mas sem funções executivas.

O verdadeiro patrão da empresa é o espanhol Eduardo Soria Fairen. 

Na equipa que entra em acção em 2024 não estão delimitadas as fronteiras entre o presidente do Conselho de Administração e o líder da Comissão Executiva. Aparentemente, ambos partilharão poderes executivos.

Santos Domingos e Nelson Oliveira liderarão a quarta administração da TAAG em seis anos. O que diz bem da instabilidade da empresa.

Menino querido do “Braga”, Ricardo de Abreu tolerará a futura administração da TAAG até onde os seus interesses, humores e caprichos aceitarem.