«FARINÁCEOS» RETORNAM A VELHAS TRAFULHICES (parte 3)

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Eles não olham a meios para lograr os seus intentos, lançando mãos aos estratagemas mais sórdidos e ilegais. Fontes familiarizadas com o dossiê que o Correio Angolense vem desbobinando juntaram pormenores mais concretos das várias acções tentadas pelos «farináceos» para reverter a venda da empresa detentora da conhecida Moagem de Kikolo

Com efeito, no dia 17 de Dezembro de 2020, a dupla Rui Costa Reis (RCR) e Carlos Santos (CS) tentou apossar-se da moagem através de um golpe de força. Nessa ocasião, apercebendo-se da ausência dos novos e legítimos administradores da empresa, os dois fizeram-se acompanhar por efectivos policiais, arregimentados não se sabe como e nem onde, e procuraram, à viva força, entrar nas instalações da fábrica para aí realizarem uma assembleia de trabalhadores, no decurso da qual anunciariam o “regresso à normalidade”, entenda-se o retorno deles ao comando da moagem.

A entrada na fábrica foi frustrada pelo efectivo da segurança da empresa no local. No entanto, Rui Costa Reis e Carlos Santos, que se faziam acompanhar de uns poucos funcionários arregimentados para o efeito, realizaram a suposta assembleia de trabalhadores no meio da rua, ao relento.

Os novos proprietários da moageira suspeitam que os «farináceos» estejam a «drenar bastante dinheiro comprando influências nas conservatórias», tal a facilidade com que conseguem obter documentos cujo acesso já não lhes deveria ser permitido

O próprio Rui Costa Reis trataria de anunciar, ali mesmo, a «deposição» da administração legítima da empresa, alegando, entre outras coisas, que ela estava a ser gerida sem critérios de transparência; que aos accionistas nunca foram apresentados relatórios de gestão e contas, e que as retribuições dos membros dos corpos sociais não estavam a ser cumpridas.

Acto contínuo, o «farináceo-mor» disse que a moagem passava a ter novos directores fabril e financeiro, apresentados nessa ocasião e a quem os trabalhadores deveriam obediência, sob pena de serem despedidos se não acatassem a ordem.

Na realidade, tais «deliberações» já vinham na sequência de uma outra «assembleia extraordinária» realizada dias antes, a 11 de Dezembro de 2020, na qual se alega ter havido a eleição de novos corpos gerentes para a Kikolo, Sociedade Industrial de Moagem SA. Mas o «pacto social» assim produzido é algo que os novos e legítimos proprietários da empresa classificam igualmente como «ilegal e forjado».

De resto, os novos proprietários da moageira suspeitam que os «farináceos» estejam a «drenar bastante dinheiro comprando influências nas conservatórias», tal a facilidade com que conseguem obter documentos cujo acesso já não lhes deveria ser permitido. Por essa via eles têm conseguido forjar certidões e actas falsas, como as da assembleia acima referida, que lhes permitem interferir e alterar, à margem das regras, o pacto social que emergiu da venda da empresa.

Em Dezembro de 2020,  os «farináceos» forjaram uma “assembleia de trabalhadores”  que colocou  (o playboy) Rui Costa Reis na posição de presidente do Conselho de Administração da Sociedade Industrial de Moagem AS,  não obstante ele, Carlos Santos e outros membros da sociedade terem alienado a posição maioritária que detinham, vendendo 95 por cento das acções da empresa.  E foi com esse documento que eles bateram a porta a bancos para terem acesso aos movimentos financeiros da empresa. Mas foram os próprios bancos que frustraram os intentos golpistas, alertando os legítimos proprietários para as manobras que estavam em curso

De acordo com o pacto social genuíno, o que decorre da venda, o itálo-libanês Abdul Hamid Assi é, desde 2017, presidente do conselho de administração da empresa. Contudo, a assembleia forjada pelos «farináceos» deu lugar a um «pacto social» que coloca, ilegitimamente, Rui Costa Reis nessa posição, não obstante ele, Carlos Santos e outros membros da sociedade terem alienado a posição maioritária que detinham, vendendo 95 por cento das acções da empresa.  

E foi com esse documento que os «farináceos» bateram a porta a bancos para terem acesso aos movimentos financeiros da empresa. Mas foram os próprios bancos que frustraram os intentos golpistas, alertando os legítimos proprietários para as manobras que estavam em curso.

Mas não é tudo. Até confusões e arruaças sindicais eles promoveram. Em Fevereiro deste ano, em acto que se julga ter havido a mão da dupla RCR/CS, um sindicato que se diz representativo de trabalhadores da indústria petrolífera foi à Moagem de Kikolo mobilizar os trabalhadores para uma greve sem reivindicações nem prazos. Violentos, os rostos da greve só foram travados depois que o Ministério do Emprego, Trabalho e Segurança Social os desmascarou.

Solicitado para o efeito, o MAPTESS exarou um parecer que, peremptoriamente, declarava ilegítima a organização sindical referida, pertencente a uma indústria diferente, para representar os trabalhadores da Moagem de Kikolo. E, menos ainda, para justificar a suspensão da actividade laboral da fábrica.

No mesmo sentido deliberou um juiz da sala de trabalho do Tribunal da Comarca de Belas, chamado a avaliar uma providência cautelar interposta pelos administradores da Kikolo – Sociedade Industrial de Moagem SA. De acordo com a sentença exarada pelo tribunal, ficou demonstrado que os trabalhadores só podem filiar-se a um sindicato do ramo, sector de actividade ou profissão com a qual tenham afinidade. No caso seria o sindicato das indústrias transformadoras e não do sector petrolífero, como foi o caso da greve ilegal.

Deste modo, ia por água abaixo mais um acto que se suspeita ter sido instigado pela dupla de «farináceos» com o objectivo de impedir o normal funcionamento da actividade laboral da Moagem de Kikolo sob a gestão e condução dos seus novos patrões.

Mas a verdade é que até ser travada a arruaça, não foram poucos os prejuízos causados à actividade da moageira. Durante dias foram erguidas barricadas vedando o acesso às instalações fabris a todos os trabalhadores que não se identificaram com os seus obscuros propósitos.

Depois destes actos todos instigados pelos «farináceos», os novos titulares da moagem intentaram uma providência cautelar que visa impedir que Rui Costa Reis e Carlos Santos avancem para estágios extremos, como os de vender os restantes 27 por cento das acções da Kikolo Sociedade Industrial de Moagem SA, pelas quais já foram integralmente pagos. Em concreto, eles impetram do poder judicial uma decisão que obrigue os farináceos a emitir o título de quitação sobre os 27% vendidos e pelos quais foram principescamente pagos.

Mas, enquanto aguardam, os novos proprietários não deixam de estar apreensivos. Temem mesmo que uma demora do tribunal possa dar aos dois «farináceos» tempo para venderem as restantes acções em sua posse. E o caso não é para menos. Afinal, Rui Costa Reis e Carlos Santos já mostraram que são capazes de tudo.