Crónicas das Margens – Simulacros

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Para afastar JES do poder, em 2017, foi preciso uma carta escrita pelos  “senadores ” do MPLA. A carta dos “senadores ” rogava-lhe pela santa da Muxima que deixasse, urgente, o cadeirão para JLO. Entre os dois, os gestos inamistosos  eram visíveis, nas fotografias.

O antecessor, por exemplo, assobiava para o tecto da sala onde decorria a consagração do sucessor e simulava  condutas. Como no cinema, um ator  que seguia o seu guião. Merecedor pelo menos  de um prêmio  cannon de fotografia.

O senso comum indicava, que, aquela altura, todo mundo percebera o erro da sua aposta no peão errado. Sobrou-lhe a consolação de guardar  o título (forçado ) de “emérito “. Mas, nem com isso se sentiu coroado.

JES apareceu sempre nos cenários públicos com uma sobrancelha colada na outra: que tratou de desfazer tão logo se viu, refastelado, na Europa. Posto lá, passou a fazer-se fotografar com as bochechas dilatas e a arcada dentária à mostra.

Apareceu sempre nos cenários públicos com uma sobrancelha colada na outra: que tratou de desfazer tão logo se viu, refastelado, na Europa. 

Posto lá, passou  a fazer-se fotografar com as bochechas dilatas e a arcada dentária à mostra. Invariavelmente. 

O sucessor, livre do antecessor,  e  da bicefalia.  Enfim, caminho livre para  atacar a corrupção e encurralar a gang38. A sociedade em procissão de fé, pronta pelos menos para ajudar, puxando a cauda do touro  corrupto já com os cornos frouxos. 

Atrás de si deixou um rasto de horrores. Mas, os eduardistas persistem no convencimento aos lourencistas de que o “clarividente antigo”(CA) é melhor que o “clarividente novo “(CN)  e apresentam um quadro de retumbantes vitórias. Por exemplo, na saúde. 

Departamento governamental onde foram sucessivos os sucessos: milhares de angolanos e angolanas lograram falecer, às vezes,  por falta de anti-paludicos nas prateleiras das farmácias dos hospitais públicos. 

O resultado dos testes HIV, sem qualquer fiabilidade, foram entregues à pacientes que saíram dos hospitais com as duas mãos suportando a cabeça e convencidos que a única coisa a fazer era encaminharem-se, por livre vontade,  para as suas respectivas covas.

Kajim Ban-Gala – Jornalista e Escritor